sexta-feira, 4 de março de 2011

Central Park com praia



Sérgio Magalhães
O economista Mauro Osório lançou a imagem: havendo a despoluição da baía de Guanabara, o Aterro do Flamengo para além de ser um parque urbano adquirirá uma outra característica, terá praia. Diz: "será um Central Park com praia"...
É claro que o Aterro já tem praia, a do Flamengo. Mas, como é poluída, não conta na imagem de Osório. De fato, a despoluição da baía reintroduzirá um vetor de desenvolvimento que a cidade perdera, a orla marítima da Guanabara.
“Central Park com praia” é curiosa imagem.
O parque novaiorquino é referência mundial no gênero. Há alguns anos, o jornal Folha de São Paulo divulgou um comentário de um viajante paulista a propósito do Central Park: “É um Ibirapuera um pouco maior”... Estava certo o viajante, nossas referências começam na escala local.
No caso, a figura adotada por Mauro Osório tem outro viés: ressaltar o caráter de colonização cultural que ainda é tão forte entre nós. Quem sabe a relação com o Central Park ajuda a colocar na pauta a despoluição da baía?
O Parque do Flamengo, obra prima de Burle Marx, tem cerca de 6 km de orla (se incluir a praia do Botafogo), é uma referência mundial do paisagismo moderno, e acolhe dois ícones da arquitetura: o Museu de Arte Moderna (arq. Afonso Eduardo Reidy) e o Munumento aos Mortos da II Guerra (arquitetos Marcos Konder e Helio Marinho). Mas, convenhamos, com praia despoluída, o Parque do Flamengo seria imbatível. Nem a neve do Central Park seria concorrente...

Um comentário:

  1. Além da tão sonhada despoluição da Baía de Guanabara, não estará também na hora do nosso Parque do Flamengo ganhar autonomia no recebimento de recursos e na gestão de todo o parque? Essa necessária instituicionalização garantiria um aporte financeiro sistemático, a possibilidade de receber ajuda de empresas ou amigos do parque, traria autonomia de decisões e uma aproximação maior com seus problemas, além, é claro, da composição de uma equipe permanente de jardineiros, paisagistas, biólogos, agentes culturais entre outros profissionais necessários para a promoção e cuidado do parque. Isso tudo poderia acontecer alido à criação de um conselho curador composto por membros do IAB-RJ, IPHAN, etc, garantindo os melhores rumos para esse patrimônio carioca tão pouco aproveitado e muito maltratado por todas as gestões municipais nesses últimos anos. Com um instituto próprio e gestão autônoma, o Parque do Flamengo poderá se reafirmar como um equipamento público de grande relevância na história da nossa cidade e na promoção da cultura do nosso país.

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