segunda-feira, 8 de março de 2010

Projeto Design entrevista

Lucas Franco
O portal ARCOWEB acaba de publicar a entrevista que o arquiteto Sérgio Magalhães concedeu a revista de arquitetura Projeto Design. Em pauta, o debate público sobre os equipamentos olímpicos a serem construídos no Rio de Janeiro:


"Se os investimentos forem canalizados para a Barra, a região central será enfraquecida de vez. É um conflito estratégico no desenvolvimento do Rio de Janeiro nesse momento, algo que nenhuma cidade contemporânea se deu o luxo de enfrentar."

“Dói o coração ver uma cidade como o Rio enfrentar um desafio como a Olimpíada com tamanho grau de mediocridade em suas expressões arquitetônicas. Não é possível desenvolver o esforço coletivo e aplicar recursos vultosos para isso.

Confira aqui a entrevista completa.

Um comentário:

  1. Olá.
    Não sei se já lhe disse, mas concordo inteiramente com sua posição de revisão das propostas para olimpiadas.
    De modo geral no Brasil, como ocorreu com as propostas de sede de jogos da COPA, há uma percepção de que para ganhar é preciso ser megalômano desprezando tudo que existe e fazendo tudo "novinho num padrão internacional em moda".
    Penso que há uma grande irresponsabilidade, tanto em relação à COPA quanto à Olimpiada. Foram mostrados projetos cenográficos de padrão internacional e pouco se falou sobre a cidade. Em Goiânia, por ocasião da disputa por sede, foram feitos novos estudos de adaptaçâo do Estádio Serra Dourada, um belo projeto do Paulo Mendes da Rocha, e pouco ou quase nada se falou sobre o problema de circulação viária entre os diversos pontos importantes da cidade. Ou seja a cidade que se vire, vamos embelezar os estádios.

    Li sua entrevista na Projeto, gostei e se me permite:
    1. Sobre o Plano Lúcio Costa para a Barra devo acrescentar que ele se inseria numa proposta de desmembramento, criando-se um novo município, e quase aconteceu.
    2. Os investimentos na barra, vargem grande e pequena, seguem o processo perverso de estender a cidade indefinidamente na conquista de novas áreas (conquistando terra rural a ser vendida como terra urbana) e deixando para trás uma cidade instalada que vai se desintegrando. Os centros de várias cidades brasileiras, Goiânia sobretudo, esperimentam este processo pela construção de condominios horizontais fechados ou similares com seus shoppings centers de morar. Sempre com a desculpa da segurança.
    3. Esta idéia de que o morador da zona norte do Rio, o suburbano, está a espera de um progressozinho para mudar para a barra é verdade. Uma verdade construída diariamente pela publicidade imobiliária que vai desvalorizando as vantagens da vida de bairro, levamndo o cidadão pra lá da Grota Funda...
    4. Estamos vivendo um tempo, talvez único no Rio, de possibilidade de resgate da valorização da "cidade", aquele lugar central que todos nós cariocas nos referimos com satisfação e orgulho (carioca não vai ao centro urbano, vai à cidade-centro é o Jardim do Méier, o Largo da Abolição,a Praça Saens Peña, a Praça Antero de Quental...). Mas esta tarefa vai requerer muito debate e muito trabalho.

    Veja bem, em um trabalho recente na cidade de Porangatu, norte de Goiás, por causa da instalação de usinas de biodiesel já se especula intensamente na expansão da cidade. É hoje uma cidade de 35 mil habitantes surgida na época de construção de Brasília, na margem da rodovia BR 153 Belém-Brasília, que tem já um território expandido e uma quantidade de áreas livres e vazias suficiente para acomodar bem mais de que 50 mil novos moradores, sem precisar construir nenhuma nova rua.

    No mais grande abraço,

    Dirceu Trindade
    Arquiteto Urbanista

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