terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Lula e a mídia e a cidade

No entanto, há um tema correlacionado que passa à margem da celeuma: a falta que faz uma cidade no embate entre o poder e os anseios da população.
Brasília, todos sabemos, é uma capital que isola os governantes da pulsação da sociedade. As manifestações que lá ocorrem são absolutamente programadas, são quase como um lobby ao ar livre. Não há a crítica cara a cara, o protesto do momento –tão crucial para as democracias e tão temidos pelos príncipes.
Foi por temer o rumor de Paris que Luiz XIV transferiu a corte francesa para Versailles, lá no longínquo século XVII. O mesmo sentimento ajudou JK a promover Brasília, como atesta seu biógrafo Cláudio Bojunga. Na ditadura, Médici apressou a consolidação da nova capital quando o poder militar foi generalizadamente contestado nas ruas do Rio.
Os príncipes –sejam de sangue, sejam sapos- reagem semelhantemente: não querem que lhes digam quando estão nus. É da natureza do poder.
Mas e a corte?
É em relação à corte que a falta de cidade é mais perniciosa. Circulando por aqueles gigantescos corredores onde só se encontram áulicos e lobistas, os congressistas exacerbam a Ilha da Fantasia. Naqueles palácios majestáticos, lá no horizonte, os magistrados pairam acima na nação.
O povo, em carne e osso, é a essência da cidade. À sua ausência, não há mídia, por mais lida, ouvida e vista, que possa remediar.
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